Uma brasileira, Irish de coração 

Depois de quase um ano, cá estou em terras tupiniquins. Se eu paro e penso, tudo parece um sonho. Como um ano passa rápido!! Me dá até um solavanco quando começo a contar os dias que faltam para acabar as férias – o tempo não perdoa.

Uma amiga que passou por isso há poucos meses atrás, já tinha me cantado a bola. Como odeio dizer até logo ou dar tchau – demoro horrores.

Acredito que será somente questão de se acostumar de novo à minha rotina na Europa e minha vida paralela no Brasil. Deixar pessoas queridas é o mais difícil – se pudesse as guardava em potinhos e levava comigo.

O balanço geral está positivo. Em três meses lá, consegui um emprego e novos amigos – ajuda a dar cara para essa vida que escolhi. A família do meu namorado me acolheu, e a Ilha Esmeralda também. Além de descobrir um dote culinário até então escondido. A necessidade faz o ladrão, não é mesmo?

Meus amigos e familiares estão mais tranquilos já que ‘tudo deu certo no final’.

Tantas pessoas que quero reencontrar. Tantas coisas que quero fazer, coisas simples como olhar o que preciso do antigo guarda roupa ou até mesmo só curtir meu quarto paulistano.

Comer palmito e mandioca até enjoar. Falar português full time, apesar de estar misturando tudo quando cheguei aqui, retornar ao litoral e confirmar que não é minha praia mesmo. Como meu namorado disse ‘não somos beach people’ haha – ardidos e picados por borrachudos.

Nunca será tempo suficiente, mas estou feliz de ter conseguido voltar e com a decisão que tomei. Não descarto a volta definitiva, mas agora não é a hora. Tenho estabilidade na Irlanda e uma pessoa que quero ficar. Ele ama o Brasil, eu amo a Irlanda, então temos isso a favor na nossa relação internacional – como ele mesmo diz com seu sotaque fofo: ‘vamos ver’.

As pessoas dizem que sou corajosa. Na verdade, acho que minha palavra seria persistência. Quando eu quero algo, eu vou até o fim e minha alma sempre sorriu quando pensava na Irlanda.

A parte negativa é o egoísmo dessa empreitada, pois ela afeta muitas outras vidas, pessoas próximas sentem saudade, possuem a esperança de ouvir no Skype a data de volta.

Voltar nunca é igual, já passei por isso antes e é como se eu tivesse crescido metros e quisesse entrar em uma caixinha.

Fazendo uma retrospectiva, tudo o que passei de bom ou ruim contribuiu para eu chegar até aqui. Sou grata pelos pais que tenho e pelos amigos que conquistei nesses 27 anos.

‘Era provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém.’

Volto às terras geladas com coração leve e com uns quilinhos a mais típicos de fim de ano!

Feliz Natal e um 2016 de realizações!